sexta-feira, 16 de julho de 2010

eu

Diz a escritora Clarice Lispector que felicidade é a palavra mais doida que ela já ouviu falar. Termo criado pelas nordestinas que andam por aí aos montes. Incrível. rsrsrs. Desculpe, devo ter errado no começo...

Oi. Prazer. Sou Marcos Henrique de Almeida Castro, um nordestino.

Tem muitas maneiras de se dizer feliz, felicidade. É algo intenso que vai muito além de um Happy ou happyness, mas sim de toda uma antologia poética de um sorriso e um abraço. Mãos curiosas, braços quentes.

Eu tenho mãe, pai, amigos, queridos e inimigos. Apesar de querer muito, jamais estive entre aspas. Meu eu é aquelas últimas palavras escritas antes das reticências. Um trecho claro e melancólico, quase nunca com fundamentos.

Sempre estive órfão. Órfão de mim. De companhia, mãe, pai e amigos. Amor é o que jamais me faltou e deve ter sido esse o problema. A vida bateu pouco na minha cara e a fome nunca entrou pela minha janela.

Jamais me entenderam, as pessoas. Para elas eu sou +, nunca -. Confesso que sempre estou sorrindo, mesmo que estando triste. Sou água de córrego, inusitadamente transparente. Confissão? Sou o Coringa. Vilão, ladrão de cena. O melhor trabalho de E. Ledger, merecedor de Oscar e tudo o mais. Sou doente, demente, incerto. Ando como um doido, com capa e granadas sob elas. Cortes na cara, marcas de pontos e batom vermelho passado com extravagância. Um palhaço sem humor algum, mesmo que rindo a todo instante. Não confio em armas de fogo, lâminas são mais práticas, pois causam dor em excesso e tardam o fim.

Sou escritor, e peco aqui também, mesmo sendo apenas meu este universo. Sou parte daquilo que crio, meu meio prático de atirar a pedra com a mão camuflada atrás das costas. Dou um riso apático e não aceno. Sou humano de mesma natureza: Não há nada melhor que a grama do vizinho, no meu caso? Há sempre algo de melhor nas páginas dos outros. Só quando releio meu trabalho é que vejo, enfim, que há algo de único no que escrevo. Algo meu e de ninguém. E superior, na maior parte do tempo. Exatamente como todos os outros parceiros de profissão.

Também nunca fui completo. Sou parte única de quatro. A parte eu que vaga por aí, a que carregam no colo os meus queridos, aquele que está bem guardado e aquilo que ainda nem foi criado, mas que tem força suficiente para dizer eu existo. Ser completo é uma sorte para poucos. Dá trabalho recolher os próprios encaixes de você mesmo. Quando se encontra uma peça, o local do quebra cabeça já se perdeu emeio a tantos outros.

Há um texto bem cínico de Martha Medeiros a qual eu dedico apenas a mim, egoísta: “A ninguém ofereço meu vinho branco. Não empresto minhas roupas mais caras, e são só meus os meus segredos”. Isso, só meu... É perfeito. Egoísmo, egoísta: isso que sou.

Estava tão apaixonado por meu reflexo do espelho, mas agora tenho medo de catar os bichos de minha própria carcaça.

Estou me descobrindo falível, sem amor e com defeito. Acho que um aroma de naftalina sai de mim, mas sinceramente eu nem sei paora que serve isso. Estou com uma ânsia soberba de pôr parte de tudo numa mochila e partir em busca daquilo que me faz falta.

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